Thursday, November 29, 2012

“ A Lenda do Sal da Lagoa de Laga “



A Lenda do Povo de sub-Distrito Laga/Distrito Baucau/Timor Leste   



Livro  : O Oriente de Expressão Potuguesa
Autor : António de Almeida


O sal de lagoa de Laga
 O sal de lagoa de Laga tem de duas curiosas lendas a transformação de água da lagoa, doce inicialmente em agua salgada, e o próprio aparecimento da lagoa.
Segundo os Nativos de Laga, há muito tempo um búfalo, quando ia ser sacrificado em estilo ou cerimonialmente pela agente da povoação do Sama Lálu (suco de SaéLári), fugio  para a lagoa ; ao mergulhar na água desapareceu para sempre, ficando o liquido salino !....não fala esta lenda dos motivos que levavam à morte do búfalo nem as razões que de terminaram posteriormente o emprego do sal do pequeno lago.
A outra lenda é mais elucidative e etnograficamente iteressante. No tempo dos avós (ou de parentes ainda mais antigos) dos actuais povos de Laga __ que para aqui vieram de Larantuka (ilha da Flores/Indonesia) vivia uma princesa com seu pai,na povoção que ora dista um quilómetro da sede do posto administrative. Era filha única e tão guardada que não podia sair à rua, não fosse apaixonar-se por algum homem que desagradasse ao pai.
Certa noite, um mancebo descido do céu entrou por abertura do tecto da casa e dormiu com a rapariga, sem o pai se ter apercebido da aventura, na segunda noitetudo se passou como na primeira, mas já o mesmo não aconteceu na Terceira visita do homem misterioso, em virtude do pai da princesa ter visto luz no quarto dela ___ali aparecida uns minutos antes conforme aviso do amante, feito ao sair da noite precedente, e destinada a chamar a atenção da sua presence.
Surpreendido, foi bater à porta do quarto da filha a perguntar porque tinha aluz acesa a hora tão tardias, ao que ela respondeu prontamente “a luz luz é de que um homem, vindo do céu, esta aqui, já dormiu comigo três vezes e quer receber-me em casamento”.
Irritado, o pai entrou e dirigiu-se imediatamente ao mancebo, inquirindo sobre a sua origem e idoneidade. “Venho do céu”, declarou o rapaz. “ não perciso dessa espécie de marido para a minha filha”, replicou-lhe rudemente. Sem se perturbar, o jóvem acrescentou, “quero casar com a sua filha”.

Perante esta séria e categorical afirmação, o pai da princesa serenou e disse, “esta bem, prepare o seguite barlaque (dote nupcial). Seis boas espadas de Macássar (Celébes), doze cavalos e doze búfalos, e devera entregar ainda várias jóias de valor___crescentes, luas e pulseiras de ouro e prata, codões de mutiçalas (colares de coral). Sem tal barlaque, não consentirei na realização do matrimónio”.
O pretendente à mão da rapariga afirmou “ O meu pai tem no céu tudo o que me exige, porém nada posso trazer para aterra. No entanto, peço-lhe que amanhã à tarde vá aquele local (que indicou –ali fica hoje a lagoa salgada), onde estarei para falarmos sobre este assunto”.
Nesse mesmo dia, o pai da jovem partiu para o sitio escolhido, acompanhado de alguns criados e de um cão de caça, animal que lhes permitiu agarrar um gato selvage e um veado, mamíferosestes logo cozinhados e comidos com grande satisfação de todos.
Ao invest do que prometera, o mancebo não compareceu a meu da tarde, ao iniciarem o regresso a casa, o pai da princesa deu conta da etranha planta carregada  de frutos amarelos (táu loco, em Macassae)---espécie de que ainda nenhuma pessoa se tinha apercebido ----, colheu dois deles com os quais patrão e criados se entretiveram a brincar durante a viagem. Entretanto, um das frutos caíu no chão e abandoram-no, levando o outro para o palácio, onde já se encontrava o homem do céu, que se desculpou da sua falta. O jovem perguntou sem demora se não trouxeram nada do campo, ao que o pai da princesa respondeu “apenas este fruto”, contando-lhe como o encontrara.
O mancebo pegou no fruto, e qual não foi a estupefacção do seu interlocutor quando o viu transformer-se em muitas e variadas jóias de ouro !...
Sem dar tempo ao pai da namorada de falar, o rapaz interrogou-o com orgulho e certo de que a sua pretensão teria bom deferimento “O meu sogro não se apercebeu de que no lugar onde esteve à minha espera há mais alguma coisa com que eu possa fazer barlaque” (contratar o casamento, satisfazer o dote) “  O que ?” ingiriu aquele, cheio de ansiedade, “não vi lá nada de interesse”, concluiu.
O homem do céu, vaidosamente, declarou “Há, sim senhor, mas o meu sogro não soube ver ! Volte amanhã ali, na planície entrará uma lagoa cheia de água, dentro da qual, no fundo, se contém uma coisa muito bonita, branca e brilhante. É sal”.
Deslumbrado mas algo duvidoso das palavras proferidas pelo mancebo, o pai da rapariga mal dormiu durante a noite e, na manhã seguinte, dirigiu-se ao sítio indicado. Realmente lá se encontrava um pequeno lago, em que entrou e colheu sal !
 
Voltou para casa, onde o aguardava o futuro genro, a quem mostrou algum sal. “É com isto que eu farei o barlaque”, reafirmou o rapaz. E, decorridos poucos dias, celebravam-se as núpcias da princesa e do homem do céu, com a pompa devida à categoria dos nubentes, indo o novo casal viver no palácio dela.
Nessa tão recuada época, Gássi Líu (Gássi Líu em lingua Macassae - o sal da lagoa) pertencia ao sogro do mancebo celestial e só os seus patrícios desfrutavam o privilégio de explorar o sal da lagoa. Ivc.

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